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09/09/2015

Resenha: O Cortiço, de Aluísio de Azevedo


O Cortiço - A obra busca recriar a realidade dos agrupamentos humanos sujeitos à influência da raça, do meio e do momento histórico. O predomínio dos instintos no comportamento do indivíduo, a força da sensualidade da mulher mestiça, o meio como fator determinante do comportamento são algumas das teses naturalistas defendidas pelo autor ao lado de denúncias sociais. O protagonista do romance é o próprio cortiço, onde se acotovelam lavadeiras, trabalhadores de pedreira, malandros e viúvas pobres.

Título: O Cortiço
Autor: Aluísio de Azevedo
Editora: Paulus
Páginas: 233




Desgraçado. A qualquer momento que você me perguntar o que eu achei do livro naturalista O Cortiço de Aluízio de Azevedo, escrito em 1890 eu irei responder apenas: Desgraçado!

Acham que eu sou exagerada? Então vamos lá: O livro retrata a vida de um cortiço do Rio de Janeiro do século XIX junto com todos os seus problemas sociais, os personagens são formados de mulatos, negros, burgueses e portugueses e são comparados a animais. A intenção de Azevedo era fazer uma crítica coerente de uma realidade corrompida, combatendo a degradação causada pela mistura de raça.


O romance contém muitos personagens, todos são importantes, mas nenhum é o principal, se você analisar bem, o próprio cortiço é o centro de tudo, a construção é o personagem principal!

A narração começa falando de João Romão, um português ganancioso que engana uma escrava, a Bertoleza que vira sua amante e trabalha com ele de domingo a domingo sem descanso. Com essa exploração ele junta muito dinheiro e constrói um cortiço com cem casas. Como nada é perfeito surge à figura de Miranda, um comerciante rico que quer comprar o cortiço para aumentar o seu quintal, sua riqueza causa inveja em Romão que trabalha muito mais que antes para ter mais dinheiro que o primeiro e os dois acabam virando inimigos.

O tempo passa e Miranda vira um barão, João Romão percebe que não adianta ter só mais dinheiro, tem que também ter uma posição social de importância. Logo começa a cuidar mais da aparência usando roupas finas, frequentar teatros e eventos sociais aproximando-se da família de Miranda. No cortiço a vida corre na simplicidade, com sambas noturnos e barulho. Dos moradores, destaca-se Rita Baiana, uma mulata que ama festas e é namoradeira e Jerônimo, um português que mora com sua esposa e uma filha que vive em um colégio interno. A transformação desses dois começa quando ele se encanta por ela e passa de um trabalhador, fiel e que sabe controlar o seu dinheiro para o típico malandro brasileiro.

O cortiço sofre um incêndio e João Romão o constrói novamente, porém agora mais voltado para a classe média, o lugar perde a visão desorganizada e miserável e recebe o nome de Vila João Romão. O proprietário recebe finalmente o título de barão e supera Miranda definitivamente na riqueza. Assim, ele surge o interesse de se casar com a filha do Miranda, mas lembra-se de Bertoleza, que se torna um grande empecilho. Além de ser sua amante ainda trabalha incessantemente nos negócios dele. A negra percebe os truques de Romão e exige usufruir também de todos os bens possuídos. Lembra que eu disse sobre ele tê-la enganado? Pois o salafrário, vendo seus planos pessoais destruídos, denuncia a escrava fugida para a família que vai a busca da pobre, que vendo toda a situação finca a faca com a qual cortava peixe em seu ventre, cometendo suicídio e deixando o caminho livre para o novo casamento de Romão.

E essa é só uma das muitas outras desgraças que acontecem. Você acompanhará o cientificismo, a miséria, crimes, adultérios, dilemas sociais, sexuais e desejos carnais. Nesta obra, Aluízio quis apresentar questões pertinentes que o Brasil carrega em sua história, como a desigualdade social, o pobre e o rico morando lado a lado, a vivência do explorador com o explorado, o livro é muito mais do que um romance naturalista. Uma surpresa a cada página, ânsia em ler logo, devorar o texto, impressionante como você sente emoções de acordo com cada personagem, é uma leitura que vale muito a pena.

Avaliação
Originalmente postada em 28/03/2013,
no blog Querida Prateleira

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