Resenha: Um dia, de David Nicholls

15 de julho de 1998. Emma e Dexter se conhecem na noite da festa de formatura. Amanhã eles seguirão caminhos diferentes. Mas onde estarão nesse mesmo dia um ano depois? E nos anos que se seguirem?

Título do livro: Um dia
Título orignal: One day
Autor(a): David Nicholls
Tradutor(a): Claudio Carina
Editora: Intrínseca
Ano: 2015

Diferente, cativante e surpreendente

Tenho este livro há algum tempo, mas só fui me interessar mesmo para ler quando vi o trailer do filme em algum canal. Achei bem interessante, mas, como sempre prefiro ler o livro antes de ver o filme, foi o que fiz. O que eu concluí? Como eu disse, é um livro diferente. Demorou um pouco para eu me acostumar com alguns elementos da narrativa. Mas, em geral, é um livro que te prende.

Não gosto de livros com capítulos grandes, então demorei um pouco para conseguir gostar de Um dia. Não entendam errado, o livro não tem um começo chato, lento, nem nada do tipo, mas, simplesmente não estava fazendo o meu estilo. Com o decorrer da história, acabei me acostumando e não conseguia parar de ler, apesar dos capítulos longos.

Outro ponto que a princípio me deixou um pouco confusa, foi o fato de cada capítulo se passar em um ano, no dia 15 de julho (às vezes tem a parte do Dex e da Em, às vezes de um só). Você fica querendo saber o que aconteceu no resto do ano que passou até o novo capítulo. Às vezes, você termina o capítulo e quer uma continuação, mas, ao invés disso, é acelerado em um ano no tempo; às vezes, com um panorama totalmente diferente do ano que deixamos no capítulo anterior. Novamente, você descobre, no decorrer das páginas, que os fatos relevantes do pedaço que não é narrado serão citados pelo autor. Se não for citado, é irrelevante. Mas confesso que até entender isso, fiquei bastante incomodada.

Os personagens são ótimos. Tanto Emma quanto Dexter são bem construídos; ambos têm suas histórias contadas na mesma proporção e, da mesma forma, ambos erram e acertam. Acima de tudo, de alguma forma, eles te cativam. A verossimilhança deles nos atrai. Não tem como não se identificar com o medo que Emma sente pelo futuro, a frustração de ver seus sonhos escorrendo por seus dedos e a vontade de dar a volta por cima. Da mesma maneira, não dá pra não querer ter a sorte do Dexter de estar “numa montanha-russa que só vai para cima”. 

Em alguns momentos achei Emma uma chata, em outros, achei Dexter um idiota; ainda em alguns momentos, torci pelos dois, em outros, quis que eles se separassem de uma vez. Mas eu sempre estava torcendo por alguma coisa. Além disso, em decorrência de acompanharmos eles durante tantos anos, acabamos nos apegando de maneira inconsciente e inevitável. 

Os cenários também variam bastante, o que me agradou de uma forma surpreendente. Ainda prefiro cenários mais restritos e bem detalhados, mas os utilizados por Nicholls também foram bastante satisfatórios.

A única coisa que admito não ter gostado tanto, foi o rumo que a história tomou em seu clímax. Ainda assim, reconheço que foi genial e que torna o livro muito bom. Reconheço a originalidade, ousadia e imprevisibilidade desse rumo. Mas, pessoalmente, não gostei. Fiquei altamente frustrada, na verdade.

O que me leva a falar do romance, porque isso sim eu posso dizer tranquilamente: É perfeito. Não é forçado, está na medida certa. Você pode torcer pelos personagens, achar clichê quando eles estão juntos, se frustrar com algumas decisões e acontecimentos... É bastante realista e eu adorei. Além disso, o amor em si entre os personagens é uma coisa bem legal. Eles passam todos esses anos se correspondendo, estando juntos, independente das brigas e das vezes que um quase saiu da vida do outro; que um mereceu ser tirado da vida do outro, e isso é algo muito bonito e legal de ser retratado.

Portanto, Um Dia é um livro diferente, bem escrito e com personagens bem caracterizados. Uma história de amor diferente e interessante. Em breve verei o filme, mas por enquanto, do que sei a respeito do livro, posso dizer que está super recomendado!

Avaliação