-->

Menu

Populares

slider

  • X

  • Y

  • Z

09/01/2015

Sessão Pipoca: Frozen – Uma aventura congelante

Elsa, a filha mais velha dos reis de Arendelle, Noruega, nasceu com a o poder de criar gelo e neve. Um dia, aos 8 anos, enquanto brincava com sua irmã de 5 anos, Anna, ela acidentalmente a machuca. Então Elsa esconde-se de todos para aprender a controlar seus poderes até o dia de sua coroação. Após acidentalmente condenar o reino a um inverno eterno, ela foge e se auto-exila num castelo de gelo. Agora cabe a Anna e Kristoff, um destemido homem da montanha, partirem numa jornada para trazerem Elsa de volta a Arendelle e reverterem o inverno em verão.
Título nacional: Frozen – Uma aventura congelante
Título original: Frozen
Estúdios: Disney
Gênero: Drama, Música, Infantil
País: EUA
Ano: 2013
Vozes: Idina Menzel, Kristen Bell



Confesso que sou meio que uma causa perdida quando se trata de animações, um dos meus gêneros favoritos de filme. Sendo assim, fiquei curiosa para ver Frozen desde o instante em que vi os primeiros gifs circulando pelo Tumblr. Porém, no primeiro momento, achei que os personagens faziam parte de outro filme de tema semelhante, A Origem dos Guardiões. Quando o burburinho sobre Frozen começou a crescer demais, eu finalmente entendi que se tratava de um filme diferente, mas também fiquei com um pouco de receio, pela quantidade de pessoas se apaixonando (porque não é novidade que eu tenho um problema de expectativas). Então, em uma tarde de domingo de preguiça, sozinha em casa, decidi assistir descompromissadamente... Agora, venho aqui dividir as minhas opiniões sobre o que vi.


Aspectos gerais: 
A história e o desenvolvimento


A ideia proposta pelo filme é explorar a relação fraternal entre Anna e Elsa, ao mesmo tempo em que transforma uma das protagonistas em uma personagem mais destemida e forte, e faz a outra amadurecer. Até aí, ótimo. Porém, o desenvolvimento pecou um pouco, na minha opinião. Isso porque, na tentativa de manter duas protagonistas, muita coisa foi introduzida e pouco foi realmente trabalhado. O que quero dizer, é que achei que tudo acontece muito rápido. E não apenas o que deveria, pela lógica da história, ser assim. Ao dividir a atenção, nem Elsa nem Anna são desenvolvidas ao máximo de seu potencial. Os casais são formados rapidamente, de maneira óbvia demais. Há magia, mas não há nenhum tipo de mitologia. Ou seja, a trama toda se desenrola em passo acelerado, dando várias informações, sem se aprofundar verdadeiramente em muita coisa.



Enquanto isso, a parte "cômica" da história fica por conta de Olaf, o boneco de neve inocente e um pouco atrapalhado. Mas, ainda assim, boa parte de suas falas dão algumas informações repetitivas e bem óbvias – embora talvez seja voltado especialmente para o público infantil. Além disso, algumas partes da história da Anna me fizeram lembrar de Encantada, especialmente no final. Aliás, por falar no final, o que salva é a tentativa de plot twist, que embora não tenha sido totalmente inesperado, ainda foi relativamente surpreendente.



Aspectos promocionais: 
Subtítulo e posters de divulgação

Fonte 1   |   Fonte 2

É impressionante o poder do marketing, não? Porém, o poder traz responsabilidades. E outro problema com Frozen – e, pessoalmente, acho este o pior de todos – é com a parte de divulgação. Desde a escolha do subtítulo para a versão nacional, "uma aventura congelante", que remete a filmes que passam na televisão aberta durante a tarde e que me faz pensar em confusão, bagunça, algo leve e divertido, mas ao mesmo tempo emocionante. Até certo ponto, isso está certo. Mas o filme é mais maduro que isso (mesmo sendo uma animação) e menos sobre "aventura" e diversão do que o sugerido. E mesmo que essa interpretação só conduza a mim mesma a um pensamento errôneo, o marketing peca novamente nos posters, e dessa vez isso é inegável. Como um filme com foco na relação entre duas irmãs, decide apresentar alguns posters que fazem parecer que a história é sobre dois casais e um boneco de neve vivendo, de fato, "aventuras congelantes" e divertidas? Entendo que histórias de amor vendam, mas propaganda enganosa não é a melhor saída, já que vai acabar atraindo o público errado e aumentar as críticas negativas.


Aspectos técnicos: 
Parte visual e musical


O filme começa com Anna e Elsa ainda crianças, o que eu achei uma fofura. Porém, quando elas crescem, percebi o quanto o desing dos personagens lembra Enrolados. A semelhança é tanta, que em alguns momentos enquanto eu olhava para uma das irmãs, só conseguia pensar na Rapunzel... E nem são apenas os humanos que se parecem, porque os cavalos também são idênticos ao Max (também de Enrolados)! Mas talvez as princesas sejam parentes distantes, ou algo do tipo, uma vez que a própria Rapunzel faz uma "aparição" no filme, com o seu príncipe [imagem]. E embora Frozen já tenha perdido um pontinho comigo aí, pela semelhança exagerada, eu não poderia ficar me focando nisso o filme inteiro.



A próxima coisa que me chamou atenção, como não poderia ser diferente, foram as músicas. Ah, Disney e as músicas... Não vou mentir, há canções que grudarão na sua mente (especialmente "Let it go"). Mas, no geral, elas não me pareceram tão marcantes assim, algumas foram bem bobinhas e forçadas até, mesmo se desconsiderarmos o fato de eu não ser a pessoa mais tolerante do mundo com musicais. Só que se tratando de um filme da Disney, eu sabia que não poderia esperar algo diferente.



Quanto aos cenários em si, achei que ficaram aquém das expectativas. Claro, não ignoro as dificuldades de trabalhar com cenários cheios de neve/gelo e bastante monocromáticos. Mas, ainda assim, ambos os palácios e todas as outras cenas "externas" não tiveram nada que saltasse especialmente aos olhos e se tornasse marcante... algo que eu sinceramente esperava que fosse melhor explorado, considerando as possibilidades artísticas proporcionadas pelo tema "gelo". Resumindo: Bonito? Sim. Fascinante? Não.


Aspectos subjetivos:
Opiniões e semiótica


Depois de tantas críticas, imagino que vocês queiram saber o quê, afinal, eu gostei no filme. Isso é fácil: eu me apaixonei pela parte invisível do filme. Como assim? Simples, eu estou amando a reinvenção ou "nova era" das princesas, como preferirem chamar. Essa nova geração de princesas mais independentes e menos indefesas, que não dormem até que um estranho completo as desperte com um beijo de amor verdadeiro e se casem para viver o eterno final feliz.


Em Frozen, vi bem forte essa tentativa de quebra de um paradigma que a própria Disney ajudou a difundir, como por exemplo, quando Anna acredita ter encontrado o amor verdadeiro e Elsa rebate dizendo que ela não pode se casar com a primeira pessoa que encontra, só porque ela acha que é amor verdadeiro... Afinal, ela acabou de conhecê-lo, o que realmente sabe sobre ele?


Outra coisa que AMEI foram as cenas dos trolls. Não gostei tanto das criaturas em si, até porque, ainda gostaria de ter tido mais informações sobre eles, mas as falas de ambas as cenas são muito boas e carregadas de subliminaridade. Por exemplo, na primeira cena deles, quando os pais levam as garotas até lá, eles ficam aliviados por Elsa ter acertado a cabeça de Anna, dizendo algo como "a cabeça é fácil de mudar, se fosse o coração seria mais difícil". E na segunda cena em que aparecem, dizendo coisas como: "há gelo em seu coração e se não for removido vai congelar para sempre", "só um ato de amor verdadeiro pode descongelar um coração" e "as pessoas não mudam, mas o amor é uma força estranha e mágica que revela o melhor nas pessoas". Entre outras várias verdades. Para mim, as melhores partes do roteiro todo estão nessas duas cenas.


O fato de o poder de Elsa ser o gelo também foi uma escolha ótima, totalmente condizente com a ideia que a história pretende passar. O gelo em si já passa essa ideia (vide expressões como "dar um gelo em alguém"), representando o isolamento da personagem que viveu a maior parte de sua vida trancada e marginalizada, assim como a forma como foi tratada ao descobrirem o quanto ela era diferente. A cena da imagem acima, inclusive, demonstra bem o frio do isolamento, a barreira que existe entre ela e a irmã. Aliás, mesmo após criar seu próprio castelo de gelo, ele ainda parece vazio e frio, no sentido de não parecer habitado, não parecer o tipo de lugar acolhedor, etc.


Agora, a minha cena favorita do filme inteiro é o número musical/transformação da Elsa. Não é apenas uma mudança de roupas e maquiagem. Os gestos dela deixam de ser tímidos para se tornarem amplos e seguros, a postura fica mais ereta... tudo é simplesmente construído com perfeição nessa cena. É realmente quando ela se aceita como é, para de deixar que a opinião dos outros a domine e se livra do passado (muito bem representado quando ela larga a capa antiga ao vento), vira as costas e bate a porta, literalmente – pois perceba que o número musical termina exatamente assim.


Além disso, as mensagens são maravilhosas. Elsa era diferente e, por isso, temida e rejeitada. Enquanto ela deixava que os outros a definissem, ela ficava limitada a "ser o monstro que eles achavam que ela era", como é dito em um momento do próprio filme. Porém, quando ela aceitou-se como sendo diferente, ela parou de tentar mudar o inevitável, se libertou de seus medos e foi capaz de desenvolver seu potencial, tornando aquilo em algo bom para ela e para todos que a cercavam. E, enquanto amores vem e vão, o amor fraternal é verdadeiro e eterno.

Avaliação final: 

Assista ao trailer:



Originalmente publicado em 23/04/2014,
no blog Querida Prateleira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe um comentário, nós adoraríamos ouvir sua opinião!